Arte é livre expressão
Arte é interdisciplinaridade
Arte é interdisciplinaridade
As artes fornecem um dos mais potentes sistemas simbólicos das culturas e auxiliam os alunos a criar formas únicas de pensamento. Em contato com as artes e ao realizarem atividades artísticas, os alunos aprendem muito mais do que pretendemos, extrapolam o que poderiam aprender no campo específico das artes. E, como o ser humano é um ser cultural, essa é a razão primeira para a presença das artes na educação escolar. (FERREIRA, 2001, p32).
Numa sociedade em que a divisão do trabalho é fator determinante e as pessoas estão cada vez mais especializadas, a arte seria uma forma de resgatar a totalidade. Totalidade esta, que envolve as várias dimensões do ser humano: afetiva, cognitiva e social, numa relação integradora de emoção e razão, afetividade e cognição, subjetividade e objetividade, conhecimento e sentimento... Fragmentam-se as funções, fragmentam-se os olhos, fragmenta-se o pensamento e assim as pessoas se tornam incapazes de perceber e atuar na sua totalidade. São pilotos, engenheiros, agrônomos, professores de artes visuais, professores de artes cênicas... São indivíduos fragmentados
Paulo Fernandes, pesquisador da herança e do conhecimento africano no Ocidente .
Matéria de Lívia Corbellari para o Jornal Século diário
Mucane vai sediar roda de conversa Africanidades e Tranversalidades
O evento, organizado por Paulo Fernandes vai discutir a herança do conhecimento africano no Ocidente
Já faz 11 anos desde que a Lei 10.693/03, que estabelece o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e africana nas escolas, foi implementada, mas de fato ela ainda não vigora como deveria. Segundo o coreógrafo e pesquisador de africanidades Paulo Fernandes, falta preparo dos profissionais e acesso a livros e acervos de materiais de pesquisa específicos no assunto.
Com a iniciativa de incentivar a inclusão desse ensino nas escolas, Paulo Fernandes está organizando a roda de conversa Africanidades & Transversalidades. O evento começa nesta quarta (7) e se encerra na sexta-feira (9), sempre das 13h30 às 17h30, no Museu Capixaba do Negro, o Mucane. O evento é gratuito e destinado a professores, diretores escolares e pedagogos da rede pública. Há 20 vagas disponíveis.
“A roda de conversa propõe um ambiente mais descontraído e mais próximo do que o seminário. O objetivo é abordar de forma didática as temáticas sobre as matrizes africanas junto aos educadores”, explica Paulo. Para o pesquisador, ainda há muito desconhecimento diante da ciência e da arte sofisticadas dos povos africanos, que ainda são descritos como primitivos. “Vamos tratar de diversos assuntos a fim de descolonizar o conhecimento e revelar a verdadeira herança da África para o mundo”.
Paulo também acredita que a informação seja um dos instrumentos mais importantes para romper o preconceito, “o racismo está ligado ao desconhecido, na incapacidade de respeitar o outro que é diferente de mim”, diz. Ele ainda lamenta que a tecnologia dos povos africanos seja discriminada como primitiva, “como um conhecimento matemático altamente desenvolvido que serviu de base para diversas formas arquitetônicas europeias ainda é considerado inferior?”, questiona.
Além da matemática, Paulo cita a arte e a cultura africana, que precisa ser melhor compreendida e superar o conceito de apenas exótica. Para tratar melhor desse tema, durante a roda de conversa também vão acontecer oficinas. São elas: Estampas: Símbolos e Grafias Africanas, Exercício/Consciência corporal e Percepção: Espaço e forma. Paulo explica que as oficinas abordam principalmente temas ligados a expressão corporal, que ele também trabalha junto com a Enki Companhia de Dança, na qual ele é diretor.
Na noite de abertura será exibido o vídeo-documentário África antes da colonização europeia. O filme enfoca aspectos do continente africano, como dimensões geográficas, topográficas e demográficas, suas variações climáticas, os grandes impérios e reinos, peças artísticas e utilitárias, a pluralidade , entre outros assuntos. Além da cultura bantu, que influenciou expressivamente as manifestações culturais no Brasil e, em particular, no Espírito Santo.
“O povo capixaba desconhece suas origens africanas, que estão muito presentes na música, por exemplo. A musicalidade do povo bantu serviu de referência para ritmos como o xaxado e o baião, além do congo e da nossa festa de Folias de Reis. O filme fará essa breve introdução aos diversos assuntos que serão tratados durante a roda de conversa”, conta Paulo Fernandes.
Serviço
Roda de Conversa Africanidades & Transversalidades aconte de quarta (7) a sexta-feira (9), das 13h30 às 17h30, no Museu Capixaba do Negro. Avenida República, 121, Centro. Inscrições: 20 vagas, no Mucane.
Paulo Fernandes é uma artista, coreografo, dançarino, e diretor da Cia Enki de Dança Primitiva Contemporânea.
Essa matéria foi publicada originalmente no Jornal on line Século diário e foi escrita por Lívia Corbellari para o jornal on line Século diário.
06/05/2014 08:38 - Atualizado em 07/05/2014 12:25
Capturada em:http://seculodiario.com.br/16708/17/mucane-vai-sediar-roda-de-conversa-iafricanidades-e-tranversalidadesi-1
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