A LITERATURA ENTRE O LIVRO E O OBJETO
Wilson Coêlho
A princípio, trata-se de uma discussão sobre a categoria do objeto do livro, seu uso e apropriação pela arte, por meio da qual se busca compreender as fronteiras do livro-objeto e da literatura. Onde termina um e onde começa o outro? De certa forma, toda pergunta inteligente engendra novas perguntas, considerando que todas as respostas são provisórias e instigam novas investigações, tanto na tentativa de sustentar as tais respostas quanto na possibilidade de entender que as mesmas não passam de acordos para significar o mundo. Assim, estamos diante da tríade livro-objeto-literatura. E para quaisquer que sejam as respostas, devemos dar um passo atrás e perguntarmos: o que é um livro? O que é um objeto? O que é a literatura?
Primeiramente, sobre o livro, sem entrar no mérito dos e-books, dos audiolivros ou da definição da UNESCO de que o mesmo deve conter no mínimo 50 páginas, podemos afirmar que a palavra “livro”, proveniente do latim liber, trata-se de um termo relacionado com a cortiça da árvore. Assim, simplificando, o livro é um conjunto de folhas de papel ou de qualquer outro material semelhante que, organizadas e encadernadas, formam um volume.

A literatura, por sua vez, entendida como uma manifestação artística, é capaz de recriar a realidade a partir da visão de um determinado autor através de seus sentimentos e suas técnicas narrativas. Entre outros elementos que estabelecem a diferença entre a literatura e as outras manifestações está a sua matéria-prima: a palavra. Essa palavra que utilizada como uma pá que lavra o terreno virgem da página como um arado ferindo a terra e criando sentido de mundo numa infinidade de mundos. Porém, cabe uma advertência: não se pode pensar ingênua ou reduzidamente que literatura é um “texto” publicado em um “livro”, considerando que nem todo texto e nem todo livro publicado são de caráter literário. Um livro de ponto não é literatura. Um livro de ouro não é literatura. Um livro científico não é literatura. Um livro fechado, mesmo de contos, de poesia ou um romance, não é literatura. A literatura é um ato de revelação no momento em que se lê.

Também, aos 23 de junho de 2016, organizei na Biblioteca Estadual do Espírito Santo - BPES, com a participação do pintor e poeta francês Gilbert Chaudanne, um debate sobre o livro-objeto. Na ocasião, Chaudanne abordou o tema a partir de sua experiência na produção de livros artesanais. No meu caso, optei pela exposição e explanação sobre minha participação na obra SKYLINE.
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